• 1maio
MJ lan­ça­rá o con­cur­so para a cons­tru­ção assim que a câma­ra encon­tre um ter­re­no alter­na­ti­vo que res­pon­da às neces­si­da­des do pro­jec­to

O novo Palá­cio da Jus­ti­ça de Coim­bra, pre­vis­to para a Guar­da Ingle­sa, na mar­gem esquer­da, pelo menos des­de 2001, não deve­rá afi­nal "aban­do­nar" a zona da Bai­xa da cida­de, estan­do a Câma­ra Muni­ci­pal de Coim­bra (CMC) em nego­ci­a­ções com o Minis­té­rio da Jus­ti­ça (MJ) no sen­ti­do de a infra-estru­tu­ra vir a ser ins­ta­la­da bem per­to do actu­al edi­fí­cio, na Rua da Sofia.
Ain­da não have­rá uma solu­ção defi­ni­ti­va, mas as hipó­tes­es de loca­li­za­ção que estão a ser estu­da­das pela autar­quia são o ter­re­no à entra­da da Rua Figuei­ra da Foz - anti­ga reco­lha de car­ros eléc­tri­cos - que nes­te momen­to ser­ve de esta­cio­na­men­to do tri­bu­nal ou o da anti­ga fábri­ca da "Ide­al", na Ave­ni­da Fer­não de Maga­lhã­es. Ape­sar de ter sido avan­ça­da a pos­si­bi­li­da­de de recu­pe­ra­ção de um edi­fí­cio já exis­ten­te - falou-se no anti­go DRM - a inten­ção deve­rá con­ti­nu­ar a ser a cons­tru­ção de raiz.
Da par­te do MJ, foi con­fir­ma­da a von­ta­de da autar­quia de não trans­fe­rir o Palá­cio da Jus­ti­ça para a mar­gem esquer­da, estan­do a tute­la inte­res­sa­da em «resol­ver defi­ni­ti­va­men­te este tema» e «o mais depres­sa pos­sí­vel». Assim a CMC avan­ce com um ter­re­no «que res­pon­da às neces­si­da­des para a cons­tru­ção do novo tri­bu­nal», adi­an­ta a tute­la.
Ali­ás, será este mes­mo o tra­ba­lho que está a rea­li­zar a autar­quia: saber até que pon­to o ter­re­no - que deve­rá obri­gar a alte­ra­ções ao ante­pro­jec­to de cons­tru­ção - con­se­gue res­pon­der a todas as neces­si­da­des do Cam­pus da Jus­ti­ça, que irá alber­gar os vários tri­bu­nais da comar­ca de Coim­bra, espa­lha­dos pela cida­de.
Do MJ fica a garan­tia de que mal a câma­ra encon­tre um ter­re­no alter­na­ti­vo exe­quí­vel «lan­ça­rá o con­cur­so para a cons­tru­ção do novo tri­bu­nal», ter­mi­nan­do uma "nove­la" com qua­se uma déca­da, ini­ci­a­da ofi­ci­al­men­te, por coin­ci­dên­cia, por Alber­to Cos­ta, actu­al minis­tro da Jus­ti­ça e tam­bém em 2001, quan­do foi assi­na­do por Manu­el Macha­do, pre­si­den­te da autar­quia na altu­ra, o pro­to­co­lo que pre­via a cons­tru­ção do Palá­cio da Jus­ti­ça num ter­re­no ocu­pa­do pelos Ser­vi­ços Muni­ci­pa­li­za­dos de Tran­spor­tes Urba­nos de Coim­bra (SMTUC).

"Um grão de areia"
A des­lo­ca­li­za­ção do novo Palá­cio da Jus­ti­ça para a mar­gem esquer­da teve sem­pre vozes dis­cor­dan­tes, entre elas mui­tos advo­ga­dos com escri­tó­rios na zona da Bai­xa e comer­cian­tes ou empre­sá­rios daque­la zona da cida­de que, ape­sar de con­cor­da­rem com a neces­si­da­de de novas ins­ta­la­ções, temem que a cons­tru­ção da infra-estru­tu­ra em San­ta Cla­ra venha a con­tri­bu­ir ain­da mais para a deser­ti­fi­ca­ção do cen­tro da cida­de.
Ali­ás, foi pre­ci­sa­men­te a Asso­cia­ção Comer­cial e Indus­tri­al de Coim­bra (ACIC) que, há pou­cos mes­es, avan­çou com três pro­pos­tas, per­to do actu­al edi­fí­cio, para ins­ta­lar o novo Cam­pus da Jus­ti­ça de Coim­bra.
Car­los Encar­na­ção con­fir­mou ao Diá­rio de Coim­bra que são, para já, as loca­li­za­ções avan­ça­das por aque­la asso­cia­ção que foram apre­sen­ta­das ao MJ e estão a ser estu­da­das pela autar­quia como pos­sí­veis espa­ços para cons­tru­ir o novo Palá­cio da Jus­ti­ça.
«A ACIC defen­de a sua per­ma­nên­cia per­to do Cen­tro His­tó­ri­co e pen­so que esta opi­ni­ão se ali­cer­ça em bases com­pre­en­sí­veis e que se devem ter em con­ta», adi­an­tou o autar­ca, con­fir­man­do que, ape­sar de ter, por enquan­to, de man­ter a pos­si­bi­li­da­de da Guar­da Ingle­sa - «por­que esta­mos vin­cu­la­dos a uma deci­são ante­ri­or» - a autar­quia «gos­ta­ria de explo­rar outras hipó­tes­es».
Ques­ti­o­na­do sobre se esta deci­são não atra­sa­rá ain­da mais uma obra pre­vis­ta há mais de uma déca­da, Encar­na­ção recor­da que este é um pro­ces­so já com bas­tan­tes atra­sos e que, por isso, «esta nos­sa deci­são é só um grão de areia», quan­do com­pa­ra­da com o que já entra­vou o arran­que da obra.


Pro­jec­to tem qua­se uma déca­da de exis­tên­cia
Embo­ra a inten­ção de des­lo­car o Tri­bu­nal para a mar­gem esquer­da tenha 40 anos, o iní­cio for­mal do pro­ces­so ocor­reu em 2001, quan­do foi assi­na­do um pro­to­co­lo entre a CMC e o MJ que pre­via, entre outras cláu­su­las, a cedên­cia do ter­re­no dos SMTUC pela autar­quia ao Esta­do para a cons­tru­ção do Palá­cio da Jus­ti­ça, sen­do o actu­al edi­fí­cio, na Rua da Sofia, rever­ti­do ao muni­cí­pio.
O ante­pro­jec­to, que foi a con­cur­so em Maio de 2002, pre­ten­dia inclu­ir no mes­mo empre­en­di­men­to - dan­do-lhes melho­res con­di­ções - os sete tri­bu­nais comuns da comar­ca de Coim­bra que, nes­te momen­to, estão espa­lha­dos pela cida­de e alguns mal ins­ta­la­dos.
Com uma área bru­ta de cons­tru­ção de 14 mil metros qua­dra­dos, para além da cons­tru­ção de infra-estru­tu­ras para os vários tri­bu­nais, esta­vam ain­da pre­vis­tos dois pisos para 400 luga­res de esta­cio­na­men­to. Fala­va-se ain­da na con­cre­ti­za­ção de uma pon­te pedo­nal que per­mi­tis­se a cir­cu­la­ção, naque­la zona, entre as duas mar­gens do Mon­de­go.
O pro­ces­so este­ve blo­que­a­do duran­te dois anos (entre 2002 e 2004), devi­do à impug­na­ção, por um dos con­cor­ren­tes, do con­cur­so públi­co rela­ti­vo à ela­bo­ra­ção do ante­pro­jec­to do edi­fí­cio. O Tri­bu­nal Admi­nis­tra­ti­vo aca­bou por con­fir­mar o resul­ta­do do con­cur­so mas já não a tem­po de o pro­jec­to ser incluí­do no Orça­men­to de Esta­do (OE) para 2005.
O OE para 2006 já pre­via um milhão de euros para a obra, ten­do Antó­nio Cos­ta apon­ta­do este equi­pa­men­to, numa visi­ta a Coim­bra, como um dos «gran­des edi­fí­ci­os» que que­ria cons­tru­ir para aco­lher pri­o­ri­ta­ria­men­te os tri­bu­nais cri­mi­nais e de tra­ba­lho que con­si­de­ra­va, na altu­ra, «mal ins­ta­la­dos».
Embo­ra tives­sem sem­pre exis­ti­do vozes con­tra a ins­ta­la­ção do novo Palá­cio da Jus­ti­ça na mar­gem esquer­da, a toma­da de posi­ção recen­te (Outu­bro do ano pas­sa­do) da ACIC rela­ti­va­men­te ao pro­ces­so terá sido o que fez Car­los Encar­na­ção con­fron­tar o MJ com a pos­si­bi­li­da­de de alte­rar o pro­to­co­lo assi­na­do por Manu­el Macha­do e a tute­la e man­ter a infra-estru­tu­ra mais per­to do cen­tro da cida­de.
in Diariocoimbra